Tenho pensado bastante no que eu lembro da minha infância, desde quando ainda era um pirralho. Um dos pensamentos que sempre me acompanhou, junto aos idealismos dos quais sempre falo, é a vontade de escrever livros.
Quando criança, tinha como certo que iria escrever pelo menos cinco livros. Nunca havia pensado no tema. Com o passar do tempo, comecei a tomar gosto pelo mundo da fantasia, principalmente o relacionado à era medieval – cavaleiros, reis, dragões, magia etc – e sempre fazia o possível para fugir da nossa realidade e chegar um pouco mais perto dessas histórias.
Como sou nerd de jogar computador desde a infância, conheci jogos online ainda cedo, e dentre eles um jogo medieval. Como havia vários servidores, existiam também aqueles nos quais você deveria interpretar como se estivesse mesmo na Era Medieval (podia ser ferreiro, alquimista etc, e falar, se não com um linguajar antigo, com um que não incluísse termos novos).
Acho bem legal a possibilidade de você criar um mundo novo e ter outras pessoas participando disso. Esse tipo de servidor exige bastante criatividade de quem joga, já que cada um deve ter um personagem único, com uma história inserida naquela ambientação inventada pelos “mestres”. E, obviamente, nem se fala na criatividade que os administradores devem ter para cuidar de um mundo novo (atualmente ajudo a administrar um desses servidores).
Com isso, eu sempre penso se não conseguiria criar um mundo paralelo, totalmente diferente do nosso. Talvez ligado a alguma época, como a Era Medieval, ou algo futurista, ou algo em outro planeta (que até dependeria menos de referências históricas) etc. Talvez consiga se fizer um trabalho detalhado e longo, sem a pressa de ter um contexto para escrever algo diferente.
Mas hoje em dia eu tenho interesse sobre muitos outros assuntos, tanto jornalísticos quanto históricos (e eventualmente misturando ficção). Pensando mais pelo lado atual, levo em conta algo que vi no ótimo filme “De encontro com o amor”. O experiente escritor Weldon Parish fala várias vezes ao aspirante Jeremy que um escritor deve ter experiência na vida para escrever algo. De preferência, ter passado por diversas situações para que possa descrevê-las com mais profundidade. Como exemplo, Jeremy não soube descrever muito bem o sentimento de levar um soco no estômago, então Weldon resolveu golpeá-lo para que o jovem entendesse o sentimento daquilo e soubesse descrevê-lo melhor.
Sendo assim, eu vejo a necessidade de você conhecer o mundo para falar um pouco dele. Até para trabalhos totalmente fictícios temos que aproveitar o que se pode associar da realidade nele para que as pessoas consigam se ver nas situações descritas. Por isso, sempre passa pela minha cabeça me meter em lugares inusitados e ficar algum tempo lá para conhecer realidades totalmente diferentes da minha. Morei quase um ano em um seminário sem nem ser cristão, e adorei a experiência. Lógico que não fui morar lá devido a essa curiosidade, e sim por necessidades pós-enchente, mas até passou pela minha cabeça escrever um livro sobre a rotina do local e o catolicismo sob a visão de um agnóstico (é claro que para isso eu deveria estudar bem o assunto).
Aparentemente hoje em dia é facílimo lançar um livro. Findado 2010 eu estava com o meu primeiro livro na mão. É claro que era um projeto experimental, feito como trabalho de conclusão de curso, mas estou tentando lançá-lo (em último caso espalho pela internet, já que é uma relevante memória de São Luiz do Paraitinga). Mesmo com ele pronto, estou lendo e relendo para me assegurar que não haja falhas na escrita nem no conteúdo, e que ele seja realmente interessante.
As facilidades de hoje em dia permitem que (talvez pseudo-)escritores lancem seus trabalhos pela internet, com custo zero ou baixo. Adequando o formato do trabalho ao que essas “gráficas digitais” utilizam, o autor pode enviar o seu arquivo e deixá-lo em exposição no site, para que a empresa imprima somente o que for demandado e fique com parte do lucro. É uma opção para mim também, apesar de algumas empresas trabalharem com um formato de livro pré-determinado (meu livro tem um formato diferenciado). O meu medo é que as pessoas comecem a usar esse sistema sem qualquer pudor para publicar trabalhos sem se dar o trabalho de ter usado criatividade, embasamento, ética etc.
Aproveitando sempre a experiência, creio que poderei um dia escrever trabalhos relevantes à sociedade com o meu pé que fica na realidade. Com o pé que fica em outro mundo (e talvez um pseudônimo), acredito que possa criar universos paralelos e coisas do gênero com os mesmos objetivos que os autores desse gênero costumam ter - reflexão e fascinação. Minha ideia de misturar os dois ainda me assusta um pouco, mas acho que com criatividade e embasamento dá para fazer algo legal. E assim espero chegar à minha meta mínima de livros lançados.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Assinar:
Postagens (Atom)