Fotografando a preparação do local para o primeiro dia da distribuição do afogado conheci um italiano gente fina, chamado Lucca. Ele mora em São Paulo atualmente com a esposa, e foi à cidade fotografar o evento como voluntário de um projeto que será realizado na cidade, abordando também a reconstrução. Falei do assunto do meu TCC, e que era voluntário do Jornal da Reconstrução - foi engraçado ver ele abrindo a pochete e tirando de lá a última edição do jornal, perguntando se era naquele jornal que eu trabalhava. Ele pediu uma eventual ajuda na produção do material no qual ele também estava trabalhando.
No dia seguinte ocorreu o encontro das bandeiras. O encontro foi realizado em frente à Santa Casa e à câmara municipal, e poucos minutos depois estavam todos indo ao centro da cidade acompanhados pela banda municipal.
Não sei se é permitido ficar postando imagens do que já foi encontrado por lá (há várias prateleiras com achados - inteiros ou em partes), mas ao menos uma, num espaço próximo a uma das portas de entrada do local, eu vou colocar. Não dá para ver muita coisa, e há muuuito a se fazer por ali ainda. Grande parte dos destroços ainda não foram tocados.
A proposta daquela escola é fantástica. As crianças foram conhecer a cidade, mas não ficaram apenas ouvindo a história da cidade e de suas festas. Além de participarem animadamente da saída dos bonecões até o mercadão, ao som de um bumbo somado a várias vozes que anunciavam a passagem dos bonecões, as crianças tiveram a oportunidade de produzir o material comumente usado tempos atrás para a edificação das casas: a taipa. Eu me assustei ao ouvir isso, pois NUNCA vi uma escola propor esse tipo de atividade. É admirável ver uma escola dando tanto valor à cultura na hora de educar as crianças.
Já no final da tarde, fiz minhas costumeiras caminhadas por trechos não tão frequentados, e notei que já estava bem mais fácil passar pelo trecho que liga a rodoviária ao centro histórico. Há bem menos terra, e há um caminho nivelado pelo qual pessoas podem facilmente fazer a travessia.
Como de praxe, falei que também fui atingido pela enchente, e mesmo sabendo que o que ela sentiu e sente é, com certeza, muito além do que eu posso entender (é o que falei no texto Memórias, pois ela se habituou a ver certas coisas por décadas, então a perda foi muito mais que da parte material), acredito que explicar isso poderia deixá-la um pouco mais confortável. Talvez ela tenha pensado que pelo menos um pouco do que ela está passando esteja acontecendo comigo também, e que eu a entenderia.
No sábado, infelizmente, não pude ir à festa, e perdi a famosa cavalhada de Catuçaba, que todo ano se apresenta no evento encenando um conflito entre mouros (muçulmano/sarraceno) e cristãos na Idade Média.
No domingo cheguei no início da tarde e acompanhei apresentações de diversos grupos pela cidade. Havia congada, moçambique, e danças para todos os lados, além do tradicional pau-de-sebo chacoalhando para lá e para cá enquanto vários rapazes tentavam subi-lo para alcançar o dinheiro amarrado no seu topo.
Vi também o grupo Manjarra, que faz diversas encenações divertidas durante a festa do Divino. Sempre gostei de fotografá-los pela espontaneidade de suas ações, e pelo modo como o gosto pelo que fazem e as cores que eles portam deixam o cenário mais bonito. Por isso, deixarei aqui uma foto que tirei sentado durante uma encenação deles. As cores nela chamaram a atenção de muita gente, e por isso me senti um grande felizardo fazendo essa captura. Além da beleza, ela tem uma mensagem fundamental: São Luiz voltou a ser colorida.
