sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Ô ô Barbosa

Carnaval estranho. Diferente dos três últimos anos, em que meus carnavais foram completamente situados em Sâo Luiz do Paraitinga, fui algo do tipo folião nômade. Passei dois dias em São Bento do Sapucaí, cidade que tem um pezinho em Minas Gerais, e um dia em Ubatuba, não longe daqui.

Me diverti em São Bento, mas independente dos problemas que o carnaval luizense estava tendo nos últimos anos - excesso de pessoas, sujeira, falta de respeito -, o carnaval da cidade quase mineira não me entreteu quase nada próximo do que eu me divertia pulando como maluco nos blocos de São Luiz, e, como de costume desde o meu primeiro ano lá, principalmente no bloco do Barbosa.

O carnaval luizense desse ano teve muitos lados.

Para mim, que esperava por exemplo ver meus amigos vindo de outros lugares para São Luiz, me dei mal. Planejei ir a São Paulo vê-los, e também não deu certo. Felizmente consegui me divertir com meus amigos daqui, mas faz uma falta tremenda não encontrar os irmãos paulistanos.

Para os luizenses que estavam cansados de ver mais de 180 mil pessoas na cidade de pouco mais de 10 mil habitantes, o carnaval foi interessante. Os blocos saíram em diversos lugares, em diversos horários. Não era nada exatamente programado, e muito menos divulgado. Eles sentiam falta disso. São os que veem o carnaval como uma festa da cidade apenas. Uma festa tradicional não comercial.

Para os que ganhavam consideravelmente bem no carnaval e usavam todo esse dinheiro para pagar suas contas no resto do ano, valia o sacrifício de aguentar tanta gente. Principalmente para os que haviam estocado produtos para vender na festa, a ausência das milhares de pessoas custou caro.

Apesar do saudosismo, da renda, dos prejuízos, da diversão, e dos planos que deram ou não certo, esse carnaval teve um sentido muito maior do que todos esses fatores: a união dos luizenses.

Mais do que sair pulando em um bloco acompanhando a letra de determinada marchinha, que se repete por minutos e minutos, mais do que sair tocando uma corneta desafinada tentando acompanhar o bloco, e mais do que se divertir bêbado fazendo qualquer coisa durante a festividade, os moradores de lá precisavam gritar, de uma vez por todas, que estão lá, juntos, lutando para a reconstrução da cidade, de suas vidas.

Mais do que uma marchinha, isso foi praticamente um grito de guerra, do tipo que os grupos fazem antes de, por exemplo, participarem de uma disputa. A disputa dos luizenses é mais séria do que de costume. Não é contra um grupo de iguais, e sim contra algo bem maior. Nada melhor do que mostrarem-se unidos, dando a todos a certeza de que, juntos, eles serão maiores do que as dificuldades.

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